12.17.2005

Faces de um lápis azul e vermelho, metáforas
vãs que sempre me dizes, o azul chegava
do lado das searas e eu, vermelho, vinha
vivendo dias e noites ansiosamente.

Coidado Com Cão já lá não está, nessa casa
onde em três semanas cresceu erva.
Já lá não está a roupa esticada na corda
nem a cigana sempre sempre sempre grávida.

© MRA
Se não eram searas era mar encapelado
ou então terra queimada, frase feita, directa
pintura nas paredes. Com a tua beleza não posso.
Mereço amor, mereçem todos? Ninguém,

porém, gagueja assim: azelho, vermul --
é o que faz confundir o lado das searas
com o núcleo negro do redemoinho
e querem enganar o nada com coisa nenhuma.

Helder Moura Pereira in Mútuo Consentimento

Assírio & Alvim

© MRA

© MRA
Passo a passo aproximando-me
de ti, fosse o silêncio um rasgo
e as tuas mãos silenciosas um só ramo
de mãos e flores todas juntas,
jamais te chamaria por uma só palavra

(...)

Helder Moura Pereira in Mútuo Consentimento
Assírio & Alvim

Parabéns para ti


© MRA
Dedicado a todos os amigos e amigas que me esqueci de telefonar no dia do aniversário.
Abraços e beijos!

Guarda luas


© MRA

Twilight

© MRA

Noites


© MRA

12.12.2005



© MRA

© MRA


© MRA


© MRA


© MRA

© MRA

Viajar não é realizar o imaginário que nos excita antes da viagem mas sim exterminá-lo. O deslumbramento é do que se imagina e não do que realizou esse imaginar. Nós pensamos numa terra longínqua e confusamente admitimos que essa distância é sensível quando lá estivermos. Ora quando lá estivermos há o real que desmistifica o imaginário, há o lá, como aqui, num sítio limitado por um horizonte totalmente presente e não tocado da ausência que havia na imaginação. Mesmo os seus elementos característicos que tiver, uma vez realizados, perdem a magia na sua realização. Eis porque precisamos às vezes de rever num mapa a sua localização para de algum modo lhe restaurarmos a distãncia. Tudo se solidifica na concretização do real, tudo se desvanece aí da sua figuração. A grande força do real é a do que está para lá dele, porque toda a realidade é redutora.

Vergílio Ferreira, in 'Pensar'