11.11.2004

E logo de manhã...tocou esta.

TOM WAITS

Don't go to church on Sunday
Don't get on my knees to pray
Don't memorize the books of the Bible
I got my own special way
Bit I know Jesus loves me
Maybe just a little bit more

I fall on my knees every Sunday
At Zerelda Lee's candy store

Well it's got to be a chocolate Jesus
Make me feel good inside
Got to be a chocolate Jesus
Keep me satisfied

Well I don't want no Anna Zabba
Don't want no Almond Joy
There ain't nothing better
Suitable for this boy
Well it's the only thing
That can pick me up
Better than a cup of gold
See only a chocolate Jesus
Can satisfy my soul

When the weather gets rough
And it's whiskey in the shade
It's best to wrap your savior
Up in cellophane
He flows like the big muddy
But that's ok
Pour him over ice cream
For a nice parfait

Well it's got to be a chocolate Jesus
Good enough for me
Got to be a chocolate Jesus
Good enough for me

Well it's got to be a chocolate Jesus
Make me feel good inside
Got to be a chocolate Jesus
Keep me satisfied

11.10.2004

HMP 1

Perto muito perto
Chego ao pé do limite,
o corpo cansado
traz as setas
do sono e a noite
esconde a alegria.
Onde tudo acontece
passam as imagens,
pressinto as nuvens
sobre os navios, o eco
de sons de aviso.
Como se inquieta
a cabeça tocando outra
na luz atravessada
de luzes. Chego à ponta
dos dedos, à esquina
da memória, adormeço, não
adormeço, canto
para adormecer.
Tudo parte de baixo
para a paisagem
do tecto, alegro-me
porque não é preciso
falar. O que sentes
está aí tão à vista
desaba sobre os olhos
o falso espaço
da casa. E a manhã
perde a luz
que só havia nas palavras.
(Para não falar)

HELDER MOURA PEREIRA (1949)

Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea
Um Panorama
Organização de
Alberto da Costa e Silva
Alexei Bueno
Lacerda Editores
1999

WA

"I am not afraid of death, I just don't want to be there when it happens."
(Woody Allen / Without Feathers, 1976)

Há só uma terra...

Num momento rápido olhava os seus olhos e esperava o reflexo da minha imagem, ambos sabiamos a presença um do outro, nenhum sabia o que o outro via. Seguindo o seu olhar, a extensão e profundidade da água era o que ocupava. O movimento era pouco, o som interrompia os longos silêncios. Aqui, uma ave chamava, ali, um borbulhar da água sem razão aparente. Mal conseguia perceber o que, nesta quase ausência de vida, a prendia. Também eu queria ficar, por um segundo que fosse, na imagem que a prendia.
Quase mergulhei no pântano. Hesitei, pois o mergulho nos seus olhos, há muito que me tinha tirado o folêgo.
- Alguma vez tinha aqui vindo?- perguntou, sem desviar o olhar.
- Não. Na sua companhia muitas são as primeiras vezes...
- Sabe onde está?- prosseguiu, agora com os olhos em mim e um leve sorriso.
Várias respostas me ocorreram. Todas elas iriam mostrar que não sabia aonde estava. Senti-me desconfortável nessa posição. Porque tinha acedido segui-la para todo o lado? - porque estava perdido.
Agora as suas mãos brincavam com o crachá que, luzia na lapela. O azul era a cor predominante. Lia com dificuldade, na parte superior do círculo - Há só uma terra. - Queria ler mais, mas os seus dedos não deixavam.
- Está no Paúl - disse, rindo. - Aqui, sem darmos por isso, a vida acontece. Também em mim a vida está a acontecer e ela não dava por isso.
- Acha que temos futuro? - perguntou, enquanto olhava a superfície húmida à nossa frente.
- Nós? - perguntei, espantado!
- A terra, a humanidade, o Paul...
Sabia que também para essa pergunta não tinha resposta.
- É a única questão que lhe importa? - Perguntei desconsolado, assustado com a perspectiva do afastamento. Tinhamos questões diferentes para resolver.
- Esta questão engloba todas as outras - disse.
A sua mão encontrou a minha. Estávamos mais perto do que nunca. Agora podia ler o crachá: Há só uma terra. Vamos destruí-la?
Celso Serra in Roteiro Ecológico das Caldas da Rainha. Paúl de Tornada. Sítio Ramsar

11.09.2004

FoxTrot Posted by Hello

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A vida, o Paúl de Tornada e o resto das coisas...

Recebi um livro sobre o Paúl de Tornada. Para quem não sabe, é uma área protegida ali para os lados das Caldas da Rainha. Segundo muitos, não vivem lá pessoas importantes, só pássaros, cágados, lontras, javalis...
Se calhar, pouco importantes são mesmo aqueles que nunca sentiram o cantar dos pássaros!

Lemos a brochura do Paúl e sentimos a mágoa das árvores abandonadas em tão pouco espaço.

Sentimos que tristes são os dias, onde, em aquários vazios de paixões, deixamos que os espaços morram ou sobrevivam há custa de pessoas, poucas, amigas, com um coração do tamanho do mundo. Vocês não conhecem, mas o Zé e os amigos, que lutam contra todos para manter o Paúl, fazem mais por esta terra, que todos os economistas juntos, e sem esforço, podemos também juntar os politicos a este grupo de técnicos da ineficácia.

Mas, como diz num livro a gente nunca sabe ao certo se da infâmia poderão nascer coisas belas. Pois é, dependemos deles para poder salvar os paúles da nossa vida!

Poderiamos não depender se com cuidado e inteligência, com uma pinça, retirasse-mos a decisão de quem decide sempre para o mesmo lado...Mas isso dá tanto trabalho!

E nessa crises de preguiça actuante, deviamo-nos lembrar do Zé e dos amigos, que constroem em cada dia, uma caminho dentro da esperança, por dentro da sua própria vida. Não é fácil, mas a isto é que chama cidadania sustentável...

Eles sim, podem amanhã dizer, que o futuro foi construido por eles. Vamos lá, vamos sentir que o sol não esmorece, que as aves não aborrecem e vamos aos poucos sentir e cuidar desta terra pois sem ela, não somos nada!

Acreditem, podem não lembrar-se deles, mas sem lontras e sem pássaros, esta lotaria não passa de um emplastro!



BloggerBot Posted by Hello

Lisboa hoje...

E hoje tive tempo de passear em Lisboa. O muro, faz anos que caiu, Lisboa, cai todos os anos!

11.08.2004


BloggerBot Posted by Hello

...o primeiro dia!

Convenceram-me!

Aqui está o meu blog....o nosso blog...Depósito legal? Porque depositamos lá as coisas...legalmente, mesmo que ilegais...é um truque para fugir à censura reinante!