7.07.2005

Dúvidas

Na vida, chega um momento - e penso que ele é fatal - ao qual não é possível escapar, em que tudo é posto em causa: o que sabemos, para que servimos, que caminho percorrer. E essa dúvida cresce à nossa volta. Essa dúvida, está só, é a da solidão. Nasce dela, da solidão. Podemos já nomear a palavra. Creio que há muita gente que não poderia suportar o que aqui digo, que fugiria. Talvez seja por essa razão que nem todos os homens são escritores. Sim. Essa é a diferença. Essa é a verdade. Mais nada. A dúvida é escrever. É, portanto, também, o escritor. E com o escritor todo o mundo escreve. É algo que sempre se soube. Creio também que sem esta dúvida primeira do gesto em direcção à escrita não existe solidão. Nunca ninguém escreveu a duas vozes. Foi possível cantar a duas vozes, ou fazer música também, e jogar ténis, mas escrever, não. Nunca.

Marguerite Duras, in 'Escrever'

E veio-me à memória...


© MRA

Regras

Mais vale sentir culpa com glória
do que uma monotonia inglória...

A solidão assumida é mais fácil
do que a solidão certa do futuro...



D. Regra ao telefone...

7.04.2005

Ajudem-nos!



A sério...ajudem-nos! Devemos estar todos contaminados pela Encefalopatia Espongiforme bovina...mas ninguém consegue apagar, ou melhor, acabar com os incêndios? Li vários jornais Europeus, e não se falava em fogos, incêndios e planos de prevenção! Por outro lado, nem por palavras mansas se mencionavam o perigo que são as florestas de monoculturas, os negócios de helicópetros e outras verdades incendiárias...porque isso já está resolvido há muito tempo! Aqui ainda andamos na fase das reuniões e concelhos de ministros extraordinários! Se não é a Espongiforme anda lá perto!

Ou então, alguém pensa que nós andamos todos de olhos fechados...será que andamos?

Por favor, antes que nos arda o cérebro, chamem alguém com coragem para por fim a esta vergonha!

PS: Nunca ninguém se lembrou de dar prémios aos Bombeiros quando não existem fogos nas áreas por eles defendidas?

FoxTrot

Waking Life



Zé!

Comunicar

© MRA


Grita comigo

mas fala comigo, não te cales nunca, diz coisas do arco da velha!

A verdade só agora está a começar, vive mais um pouco de ilusão!

Grita comigo Tarzan, Banzai, Iáuuuu, coisas assim, pedaços dessa infância.
Onde o voar do caracol faz sentido e as formigas são uma verdeira atracção.

Dá-me praia e areia, lixa-te para o cinema.
Fica comigo, grita comigo e desliga-te...
Chora a rir!
Queres ser uma máquina ou um águia,
queres ser!
Grita comigo:
quem deu um pum é um macaco mal cheiroso!

Madagascar!
Não pares nunca de gritar...

Indiferenças activas

© MRA

Luas resignadas


© MRA

7.03.2005

Sons de Brugge



Gosto da cidade,
andamos por entre os tempos
na esperança de perceber as ternuras que estão longe...

Gosto dos espaços entre as árvores,
dos mexilhões ao almoço e da cerveja Belga
ao sabor de Gershewin e Caetano...

Gosto dos becos antigos da cidade
das sombras e do som do andar.

Gosto dos olhos nos Picassos
e nas reliquias dos santos perdidos...

Gosto do som dos comboios
que nos levam de volta,
desejando voltar,
para perceber melhor os sabores da cidade dos chocolates doirados...

Procuras...



Procuramos.
procuramos alguma coisa nas esquinas,
talvez as respostas do Zé, as palavras do Celso,
talvez o frio que não encontro.

Procuramos caminhos
de aventura,
como se a vida renascesse
nos cantos de uma viagem qualquer...

Procura-se...

Sons de um mal menor...



E porque não saber de música,
saber que entre as ruas
outros sons nos deveriam encantar.

Encantam-me os sons dos passos,
que entre as sombras
das cidades
nos levam de mangas arregaçadas,
ao prazer infantil da descoberta
e ao encontro do calor.

Bom ou mau?


How evil are you?
If you dare...make the test!

Gritos de luz...



E saem sons sem saudades,
já não há tempo para elas.
Sons de reencontros
no prolongamento de um beijo.
A ilha da Reunião era um sitio bom
para nos encontrarmos, sem ninguém
nos ver como se estivéssemos em Mirandela.

Lacaille tocava os seu acordeão
sem querer saber se éramos amigos
ou amantes, ele só queria divertir-se um pouco.



Brozman não ficou parado, também veio com
um gargalo de garrafa, precioso bem.
Tocar percussão, beber o conteúdo dela

e depois no modesto hotel fantástica emoção,
nós a roçarmos os nossos umbigos
e um de nós,eu,com gestos de louco.

HMP in "A tua cara não me é estranha"
(...)
Só tenho vivido em cidades
onde nem sequer há tempestades
quanto mais tempestades
Como aquelas que Emily Dickinson descrevia.

Sabia bem como a terra tem idades
e repetições com as mesmas qualidades:
a força do vento, o chumbo da água, maldades -
mas são maldades vitais, Deus não dormia.
(...)

HMP in " A tua cara não me é estranha"