9.30.2005

And Sure in Language Strange


© MRA


É noite nos meus olhos.
E nos teus ainda
se sente a água?
Cego vou para teus braços
e não sei quem és.
De amor por ti
nunca direi
ou se já cai a flor
da amendoeira. Nos mares
do rio a que me deito
navega o barco
dos fantasmas, eu por eles
quis crianças
e os outros corpos todos.
Nos meus olhos
é a clara noite, a água
sobe, amarras
esticam e protegem.
Teus olhos dizem
que estou a chegar
e não se importam
do que vou querer,
do que te falo. Afasto
os arbustos, vou
em pressa, prepara-me
o gesto de receber, abre
o teu vestido, a boca
sobre os pulsos
já a sinto. É a noite
toda nos meus olhos,
silvados que quebrei, domínios
por onde venci
a infiel maneira
de existir. Assim ergues
a pequena verdade, de amor
por ti nunca direi
como te quero.


Helder Moura Pereira
Para Não Falar
Círculo de Poesia
Nova Série
Moraes Editores 1986

Timelines


© MRA


Estranho este tempo
em que não podemos sair à noite.
Estranho caminhar este, entre ideias sem certezas.

Não me peças tempo, não tenho horas
para te dar. Gosto de ti minuto a minuto,
entre os segundos de um beijo.




Coffee and cats


© MRA

Lx


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Espreita


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Já não quero nada disto


© MRA

Já não quero nada disto, esta loja
é uma ruína que arde, queima
o seu cheiro a café. Moeda vermelha-
demora a cair na tábua. Olhos e mãos
pintadas, unhas hardcore tamborilando.
Eu era um senhor que nunca mais se
despachava, faltavam uns escudos,
se não tinha mais pequeno, triste
aborrecimento. Na minha gaguez,
no meu embaraço de mãos, moedas
e lenços de papel, leio à saída a multa
vigilante que nos tolhe, a sua voz clara
para o lado. «Cada vez gosto menos
de pessoas» e elas passam lá entre elas
com outras aventuras na ideia. Conhecem
o corriqueiro túnel ao fundo da luz.

Helder Moura Pereira
Um Raio de Sol
Assírio & Alvim 2000


9.29.2005

Fly









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9.28.2005

Frontiers


© MRA

Games


© MRA

9.25.2005

Back to the old days...


© MRA